terça-feira, 7 de outubro de 2008

a famosa "mapeada" nos Seminários, o curso

por gabriel Macedo


Em primeiro lugar, um esclarecimento.
A idéia que eu tive, no início, era relatar cada seminário que acontecia, quase semanalmente. A primeira rodada de apresentações foi minuciosamente relatada, no meu caderno, e eu pretendia mostrar a vocês uma ilustração, como a Camila mesmo disse, num comentário anterior. O que eu postei em relação ao primeiro seminário foi, mais ou menos, o que eu tinha em mente para postar por aqui.

Em segundo lugar, uma causa, conseqüências.
Eu não o fiz, obviamente. Seria até um pouco incômodo, talvez, para alguns dos "seminaristas", ler os textos que escrevi. Tratavam-se de relatos meramente narrativos, sem delongas e grandes provocações. De qualquer maneira, eu decidi não continuar porque havia feito isso apenas até o dia 1º de setembro, quando o debate sobre O Iluminisno e a Revolução Francesa foi mediado pela equipe que compunha três dos alunos. Daí, tomei a decisão de escrever como uma continuação ao que escreveria nas provas elaboradas pelo Márcio.

O que são as provas do Márcio? Como eu acabo por me concentrar muito no tempo das questões em si, aquela conhecida última questão sempre se torna a última coisa - em síntese, os últimos cinco minutos são reservados à ela. Desse jeito, eu conseqüentemente escrevo muito pouco o que se escreveria em grandes e cheias linhas. O professor, ou melhor, dinamizador da inteligência coletiva do grupo, pede-nos para que nos avaliemos dentro do curso da Teoria I, o que significa, básica e simplesmente, a sua atuação dentro da sala de aula... E fora dela.

Outro pedido foi feito, nesta última prova que nós - alunos - fizemos. Foi o de "avaliar o curso". Exatamente o que o que se quer com isso, eu não sei, mas minha interpretação, eis:

A avaliação do curso é como um estudo acerca das aulas, dos debates, seminários, discussões, provocações, o que quer que seja, qual nome for. O que se chama de curso, em se tratando de Teoria da Comunicação I com o Márcio e a Camila, é isso. É o círculo, a roda, a esfera, a forma geométrica estranha. O debate. Polêmica. O circo pegando fogo?

É relativo. E até engraçado como um pouco "determinado", a pedir emprestada a expressão do último "debate oficial". As pessoas, numa roda, são acostumadas a se dispor num mesmo lugar. Próximo à porta, aproveitando a ventilação das hélices do teto e do próprio ar que circula por ali, pode-se ver as meninas que estão na moda, a moda vestida e a moda falada - a Roberta, Renata, Amanda, Karina - elas estão lá. As espertas e muito inteligentes Bruna, Mayra, Thaís e suas fiéis escudeiras marcam presença e simplesmente não passam despercebidas. Os "coleguinhas" do primeiro semestre, agitados, verdadeiros provocadores, Maria Cecília, Geovana, Jorge, Viviane, Bárbara, Alana, cada um à sua particularidade, se dispõe diante da turma, mostra sua voz, o seu, ah, vai, uso público da razão. Não gosto de citar nomes - eu esqueço mesmo e não posso falar de uma turma inteira -, mas é fato que a mistura e o misto de pessoas que eu conheci é extraordinário. Maria, Saulo, Stephanie, Silroni, Felipe - esses e outros são nomes populares que, para mim, não significam nomes apenas.

Uma advertência.
Àqueles que não foram citados, não se reprimam! Eu procuro me lembrar de cada rosto, cada comentário, cada braço levantado que já vislumbrei, cada questionamento ou pergunta tímida, cada expressão de terror do tipo "o que eu tô fazendo aqui?" - e preciso falar nesta equipe de colegas. São panelas, panelinhas e fervem - é fato. São convergentes, divergentes, mediados - divididos. Cada um no seu quadrado, querendo falar, querendo se mostrar, todo e qualquer um do jeito que sabe, do jeito que não sabe. É, para mim, o curso. Esses colegas, essas idéias, falta de idéias, insensatez, timidez, eloqüência, neutralidade, parcialidade imparcial. E é comunicar. O ato e ação.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Modernidade e idéias iluministas - Seminário 1

O primeiro seminário foi uma tentativa. Foi essa a palavra que a aluna Alana Linhares usou para descrever a apresentação que abriu a primeira rodada de textos, no dia previsto, 20 de agosto. A equipe composta pela Alana, Elaine Quinderé, Érica Costa e Millene Haeer, se condensou junto ao círculo, formado em todas as aulas do professor Márcio de Teoria da Comunicação I. Dessa maneira, as garotas se sentaram, lado a lado, entre uma luminária ligada à tomada, para debater sobre o que é Iluminismo.

Aliás, esse foi o tema do segundo texto (também abordado pelo grupo), de Immanuel Kant, escrito em 1874. A introdução foi de Marshall Berman, com um trecho do livro Tudo que é sólido desmancha no ar, A aventura da modernidade. As primeiras falas da apresentação foram da Alana, que apontou o porquê da tomada de decisão da equipe em fazer um debate aberto. O textos, de acordo com ela, são bastante "fechados".

A Érica começou esclarecendo alguns conceitos de Berman; ela levantou uma importante questão, discutida a partir do Márcio. "Moderno" é "atual"? O que é? Algumas idéias foram apresentadas. Exemplos: moderno, hoje, é tudo o que é novo. É agora. É turbilhão. Com esse olhar, do "turbilhão", lançou-se também a pergunta "o que é modernidade?". Quinhentos anos atrás, a modernidade começou como período histórico. Érica apresentou três fases, propostas pelo autor do primeiro texto, esclarecendo ainda mais.

Alana tomou a palavra, falando sobre Rousseau e apontou que nem sempre o que estava sendo dito por elas, é o que contém nos textos, algumas reflexões eram pessoais. Ela leu alguns trechos da novela de Rousseau, contida na apostila. O Márcio levantou o questinamento se a modernidade é uma novidade. De repente, surge a palavra "amor". O Iluminismo surge, então, como noção de despertar para a realidade. A modernidade, alguém pôde ser capaz de dizer, é um novo tipo de homem.

Depois a Millene comentou sobre o movimento iluminista enfatizando a idéia de "Razão". A partir de alguns apontamentos acerca desse tema, o Márcio perguntou se podíamos dividir o mundo entre aqueles que pensam e que não pensam, o que logo causou uma discussão mais acalorada pela parte do aluno Saulo. Um texto anteriormente discutido em sala de aula, sobre a "disposição para a vertigem", novamente volta ao debate. Será que estamos dispostos a estranhar o cotidiano?

A Elaine começou a discutir, fazendo um paralelo entre o "aprender" e o "apreender". O Márcio aproveitou e esclareceu o que seriam idéias modernas e pré-modernas. O uso da palavra "Iluminismo", ele disse, é perjorativo, pois monta a idéia de que uma época anterior a ele estaria em trevas, completamente mergulhada na ignorância. A monitora Camila, não pela primeira vez, questionou ser conveniente matermos, as vezes, uma postura de menoridade deixando que outros decidam o que é melhor para a gente. um filme que questiona isso citado por ela foi "A Vila". Millene, então, fez uma pergunta sobre o uso clérigo da razão, abrindo um debate sobre os usos racionais público e privado. O seminário finalizou, enfim, com falas sobre a era do esclarecimento e com perguntas, lidas pelo professor - quero dizer, pelo dinamizador da inteligência coletiva do grupo.

*Este texto foi escrito pelo aluno Gabriel Macedo. Ficou bem ilustrativo não foi? escreva vc também!!! estamos esperando!!!

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Que estranho é a morte. Pode ser um tema clichê, mas um dia um senhor falou que a morte é a coisa mais certa que há no mundo. E dessa afirmação eu passei a questionar: Ele está correto? O que ele afirma é verdade? Eu concordo com isso?

A partir da afirmativa de um completo estranho, eu ganhei impulso para escrever e estranhar tal assunto. Na verdade, eu sempre estranhei esse assunto e é daqui que eu vou começar. Se a minha opinião particular interessa, eu ouso dizer que esse senhor se equivocou ao dizer tal coisa. A morte pode ser uma certeza, mas definitivamente, não é a coisa mais certa. Como poderia uma coisa que causa tamanho sofrimento ser uma coisa certa? Longe de mim julgar o pensamento dessa pessoa, mas, de maneira alguma, irei concordar com isso.

Respondo todas as indagações acima feitas por mim mesma, de acordo com a minha experiência. A morte em si, já é algo trágico e quando passa a se tratar de alguém próximo a você, ela ganha uma dimensão imensurável. Perder alguém especial é algo inigualável. E por mais que os consolos e as condolências sejam reconfortantes, esse assunto ainda me intriga e me causa estranheza.

Ver a morte como eu vi de tão perto, ver alguém importante morrer e, além de tudo, vivenciar uma morte lenta, é o pior trauma que carrego comigo. Muitos podem superar isso com mais facilidade, podem se habituar ao fato e seguir sem grandes problemas. Eu posso afirmar que sou bem diferente. Perdi alguém especial há algum tempo, e isso ainda dói. Eu não superei e, tampouco, aceitei.

Apesar de não ter superado, não vivo em profunda melancolia. Eu consegui sobreviver ao impacto, digamos; o que, visto de determinado ângulo, não quer dizer muita coisa, afinal, de tempos em tempos, eu preciso liberar toda essa mágoa que eu carrego comigo. O pior da morte, além do fato de se perder alguém para sempre, é a saudade e a lembrança. Esse misto de sentimentos, me estranha. E muito!

Ao escrever esse texto, que eu considero quase um desabafo, eu pude perceber que o que mais me intriga nisso tudo é o olhar estranho que eu ponho sobre ele. Eu encaro a morte, a saudade e a lembrança, todo o conjunto, como algo fora do comum. E talvez seja por isso que me cause tamanho sofrimento.

Estranhar o mundo é necessário, mas nem sempre é algo bom. E quanto ao que significa a palavra estranhar, eu vi que tudo que ela significa é o que eu sinto sobre a morte: repulsão, repreender e censurar. Não gosto e não me conformo.

Apesar de toda essa repulsa, eu tenho a consciência de que ainda vou me deparar muitas vezes com ela. Inúmeras vezes. E, muito embora, eu não possa evitá-la, o que me resta é estranhá-la.

Elaine Quinderé Gomes

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Estranhamento

Me disse que as coisas que não existem
são mais bonitas...

Que estranho é não me estranhar.
Por assim, tenho inúmeras instigações diárias. Todas elas. Rio-experimento, me vôo, me esqueço. Sou uma tentativa.
De qualquer cenário faço casa de um inteiro-incompleto amanhecer. Vivo e morro quase a todo instante no renascer dos olhos das pessoas, a epiderme das coisas. Das paredes e muros que nunca receberam o toque de minhas mãos, mas meus olhos decifram... a imagem e a palavra da tonalidade do mundo.
Sou piegas.
As coisas estão em mim como eu estou nelas. Eis minha latência, meu não-estar em mim. Eis minha flor.
O estranhamento é a minha forma de afloração, meu crescer pra passarinho. Minha presença quase sempre ausente. Invisível.
Enxerga meus cortes, moço? Cortes de dor sem horror. De rosa.
Floresço.
Sou cidade estranha constantemente redescoberta e redescobrindo-se. Tateio as epidermes, sinais de vertigem minha. Meu enrubrescer.
Sou vermelha por dentro. Rubra de pedra. Risos.
Não deixa morrer. Vês? Minha morte me é necessária em momentos exatos, porém, se eu morrer em ti, ah...
Aliás, existo em ti? Em ti, no coração em que carregas? Sem pretensões?
Andarilho moradas.
As janelas estão abertas. Sempre tem uma, mesmo que no quintal, aquele lugar para se aveludar os pés.
Faz quanto tempo que moro aqui neste papel? No conhecer dos teus olhos por estas letras? Veludo.
Tempo.
Eis meu segredo. Sou mundana por afloramentos, os registros de meus olhos. Fotografia.
Afloro meus olhos, deixo as coisas em mim. De repente, c l i c k. A eternidade me mora, me molda, me é. Sou tão tanta em minha pequenez. Minha morada é o meu enxergar.
Agora te enxergo, um retrato de corpo inteiro. Decifra-me aí dentro. Continuo em ti.
Cuida da minha afloração? Deixa eu morar?

Desculpe a delicadeza,
Alana Linhares